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O buquê escorregou da mão de Clara, as pétalas se espalharam pelo corredor como pedaços de seu coração. As palavras de Liam ecoaram em seus ouvidos, vazias e impensáveis: Afaste-se. Por um momento, ela não conseguia se mover, não conseguia respirar, enquanto o mundo se inclinava sob seus pés.

E então Stephanie deu um passo à frente, radiante de branco, deslizando para o lugar ao lado dele como se o altar tivesse sido feito para ela o tempo todo. O suspiro se espalhou pela multidão, os sussurros subiram como uma tempestade, mas Clara não ouviu nada, exceto a batida em seu peito.

Seus pais se levantaram em protesto, com vozes trêmulas de descrença, mas Clara mal as registrou. Tudo o que ela sentiu foi o peso esmagador da traição, a humilhação queimando sua pele enquanto estava ali, despojada de seus votos, de seu futuro, de sua dignidade – observando sua irmã reivindicar tudo o que ela havia sonhado que seria dela.

Quando Clara anunciou seu noivado, a sala explodiu de alegria. Seus pais a abraçaram com lágrimas nos olhos, e seu pai riu dizendo que havia previsto isso há meses. Então, todos os olhos se voltaram para Stephanie.

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Clara ficou tensa. O relacionamento delas nunca tinha sido simples. Stephanie cresceu sob a sombra de comparações das quais nunca conseguiu escapar, enquanto Clara – sempre a mais polida, a mais elogiada – tornou-se a favorita silenciosa.

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Isso deixou cicatrizes entre elas, transformando até mesmo pequenos desentendimentos em rivalidades amargas. Clara se preparou agora para um comentário desdenhoso, um sorriso forçado, algo afiado o suficiente para cortar o momento. Em vez disso, Stephanie deu um passo à frente e a abraçou. “Parabéns”, disse ela suavemente.

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“Sei que nem sempre nos demos bem, mas isso é diferente. Vamos deixar de lado o passado. Deixe-me ajudá-la, Clara. Quero fazer com que esse dia seja perfeito para você.” A sinceridade assustou Clara. Pela primeira vez, não havia nenhum traço de sarcasmo na voz de sua irmã, nenhum indício de inveja em seus olhos.

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Ela piscou para conter as lágrimas, aquecida pela ideia de que talvez, finalmente, Stephanie estivesse se aproximando. “Tudo bem”, disse ela, sorrindo. “Se você realmente quiser.” Os lábios de Stephanie se curvaram em um sorriso calmo. “Eu quero. Mais do que tudo.”

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A partir daquele momento, ela passou a desempenhar perfeitamente o papel de planejadora. Ela desenterrou a caixa que elas haviam enchido quando crianças com recortes de revistas de vestidos de noiva e esboços de bolos feitos à mão. Juntas, elas folhearam a caixa, rindo dos vestidos brilhantes e dos desenhos desajeitados que antes consideravam mágicos.

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Stephanie insistia que era o destino – que os sonhos que elas haviam rabiscado juntas estavam finalmente ganhando vida. Clara se deixou acreditar nisso. A vida com Liam havia rapidamente encontrado seu ritmo desde a proposta. Seu pequeno apartamento transbordava calor: as manhãs de domingo eram passadas com panquecas, as noites tranquilas eram repletas de filmes e discussões provocantes.

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Nos fins de semana, eles visitavam com frequência a família dela, e Stephanie estava sempre presente, pronta com novas amostras ou listas. No início, Liam achou o entusiasmo dela cativante. “Sua irmã está realmente interessada nisso”, disse ele uma noite no caminho para casa. Mas, com o tempo, sua diversão se transformou em desconforto. “Ela é… intensa”, murmurou ele, com a mão apertada no volante.

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Clara riu. “A Stephanie é assim mesmo. Ela quer tudo perfeito.” Ele assentiu com a cabeça, embora o olhar em seus olhos dissesse mais do que suas palavras. Clara preferiu não insistir. As semanas se passaram em um borrão de planejamento. Stephanie organizou degustações, reuniu-se com floristas e marcou as provas do vestido. Cada vez que Clara lhe agradecia, o sorriso de Stephanie mal tremia.

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“Qualquer coisa por você”, disse ela, com a voz firme, quase ensaiada. Na noite de um jantar em família, Clara sentou-se encolhida no sofá, com as bochechas coradas pelo vinho. Stephanie se acomodou ao lado dela com uma pasta organizada. “Apenas algumas coisas de rotina”, disse ela levemente. “Depósitos, reserva de locais – nada dramático.”

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Distraída por Liam brincando com seu pai sobre cartões, Clara assinou onde sua irmã indicou. Seus pais relembraram o próprio casamento, sua mãe riu das flores murchas, e tudo parecia seguro, comum. Stephanie colocou os papéis de volta na pasta com um sorriso satisfeito. “Você vai me agradecer mais tarde.”

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Os dias que antecederam o casamento passaram em um turbilhão. Os convites foram enviados pelo correio, os cardápios finalizados, os votos redigidos. Stephanie se movia rapidamente, verificando suas listas intermináveis, enquanto Clara flutuava em antecipação.

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Os acessórios deixaram sua mãe com os olhos cheios de lágrimas, a degustação do bolo as deixou rindo até doer. Até mesmo Liam admitiu em uma noite que Stephanie havia feito um trabalho maravilhoso. Pela primeira vez em anos, Clara sentiu que sua irmã realmente a apoiava.

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A noite anterior à cerimônia foi tranquila. Clara sentou-se cercada por sua família, aquecida por suas risadas e conversas tranquilas. Stephanie, estranhamente calma, mexia em seu telefone, verificando os detalhes finais. Clara disse a si mesma que era apenas nervosismo. Amanhã, pensou ela, tudo estaria perfeito.

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A manhã amanheceu clara e dourada. A luz do sol se espalhava pelas cortinas quando a mãe de Clara entrou na ponta dos pés em seu quarto com o café da manhã em uma bandeja. A casa já estava cheia de atividades – buquês chegando, vestidos sendo cozidos no vapor, parentes rindo na cozinha. O estômago de Clara se remexeu de nervosismo e alegria.

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Stephanie entrou momentos depois, com os braços cheios de fitas e rendas. Seu cabelo estava impecável, seus movimentos precisos. “Não entre em pânico, eu verifiquei tudo duas vezes”, disse ela, colocando o pacote no chão. “As flores estão aqui, a banda está afinando, o arco está incrível.” Ela tocou a bochecha de Clara, sua voz se suavizou. “Você vai ser a noiva mais linda.”

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As horas se transformaram em pinceladas de rímel, garantias sussurradas e risadas que se desfaziam sob o peso do nervosismo. As damas de honra iam e vinham, os detalhes se encaixavam. Clara estava diante do espelho em seu vestido, com o véu preso delicadamente em seu cabelo, e estremeceu diante do reflexo. Sua mãe enxugou os olhos. Stephanie bateu palmas.

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Por um momento, Clara se permitiu acreditar no conto de fadas. Os convidados encheram o jardim, com vozes murmurando enquanto se acomodavam. As rosas perfumavam o ar, as velas tremeluziam nos suportes de vidro, as flores cítricas flutuavam na brisa. Liam estava no altar com seus padrinhos, ajustando as abotoaduras. Seu sorriso se manteve firme, mas sua mandíbula permaneceu apertada, seus olhos sombreados.

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O fotógrafo tirava fotos e, para a multidão, não parecia nada mais do que nervosismo. A música começou. Uma a uma, as damas de honra caminharam pelo corredor, com as crianças jogando pétalas a seus pés. Por fim, Clara apareceu com seu pai ao seu lado. Os convidados começaram a se emocionar.

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Os olhos de Liam se fixaram nos dela, brilhando com algo que ela não conseguia nomear – amor, nervosismo ou algo mais sombrio. Cada passo a levava mais perto do altar, da promessa de seu futuro. Tudo parecia impecável, exatamente como ela havia imaginado. Sua família estava lá, sua irmã radiante ao seu lado, Liam esperando no final do corredor.

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Para Clara, o mundo havia se reduzido a essa única caminhada, cada batida do coração pulsando com a crença de que seu dia perfeito finalmente havia chegado. Ela chegou ao altar, sua mão escorregou para a mão de Liam, o mundo se reduzindo a apenas os dois.

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O coração de Clara palpitava de expectativa, seu olhar fixo no dele. Por um momento, parecia perfeito. Então os dedos de Liam se retesaram. Ele se virou ligeiramente, com a voz baixa, mas firme. “Clara… afaste-se A respiração dela ficou presa. “O quê?”, sussurrou ela, atônita.

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Mas os olhos dele não estavam nela. Lentamente, com o pavor lhe apalpando o peito, Clara seguiu o olhar dele – em direção ao corredor. Stephanie estava lá em um vestido de noiva, com os lábios curvados em um sorriso triunfante. Clara balançou a cabeça, incapaz de compreender. “O que está acontecendo?”, perguntou ela, com a voz aguda e desesperada. “Afaste-se”, disse Liam novamente, mais firme dessa vez.

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E então a voz de Stephanie atravessou o silêncio como uma lâmina: “Você o ouviu” Uma onda de sussurros percorreu os convidados, a incredulidade aumentando. Clara sentiu a traição em ondas – primeiro confusão, depois humilhação e, em seguida, o peso esmagador da impotência. Seu buquê escorregou de suas mãos, as pétalas se espalharam pelo chão.

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Ela queria gritar, exigir uma explicação, mas seu corpo a traiu, movendo-se quase por conta própria. Seus joelhos fraquejaram, seu peito se contraiu e ela desceu do altar, o mundo se inclinando sob ela como se ela estivesse se afastando de tudo o que sempre sonhou.

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Stephanie entrou sem hesitar, deslizando no espaço que Clara havia deixado como se sempre tivesse pertencido a ela. Ela agarrou o braço de Liam, com um sorriso deslumbrante e os olhos brilhando de triunfo. A multidão se encheu de suspiros. Os convidados olhavam de Clara para Stephanie, sem saber se aquilo era uma piada elaborada ou um pesadelo que ganhava vida.

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Mas não houve risos. Não houve explicação. A mãe de Clara se levantou de seu assento, com a mão pressionada contra o peito. “Isso não está certo”, sussurrou ela, com os olhos arregalados de incredulidade. Seu pai ficou ao lado dela, com a voz estrondosa em meio ao silêncio atordoante. “Chega disso! Stephanie, pare com essa loucura!”

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Por um breve momento, Clara sentiu um lampejo de esperança. Seus pais poriam um fim a isso. Mas Stephanie se virou para eles, seu sorriso se transformando em raiva. “Não se atrevam a estragar isso para mim!”, gritou ela, sua voz ecoando pelo jardim. “Este é o meu momento especial, e vocês não vão tirá-lo!”

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A multidão recuou, os sussurros se transformando em murmúrios frenéticos. Os rostos se voltaram para Liam, desesperados por uma resposta, por algum sinal de negação. Mas ele não recuou. Ele não se opôs. Ele apenas segurou as mãos de Stephanie com mais força, com a mandíbula apertada e os olhos ilegíveis. Os joelhos de Clara ameaçaram ceder. “Por quê?”, sussurrou ela, com a voz trêmula enquanto seu olhar se fixava nele.

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“Por que você está fazendo isso?” Por um breve instante, Liam olhou para ela, uma sombra de algo tremulando em seus olhos – dor, arrependimento, medo – mas desapareceu tão rapidamente quanto surgiu. Para todos os outros, parecia uma escolha, uma devoção à irmã em detrimento dela. O oficiante limpou a garganta nervosamente, com o rosto pálido.

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“Como os noivos não levantam objeções”, disse ele finalmente, “devemos prosseguir” Sua voz tremeu, mas ele virou a página de seu livro como se estivesse obrigado a continuar. Ao redor dele, os convidados se mexiam desconfortavelmente, com os rostos pálidos de incredulidade. Clara balançou a cabeça lentamente. “Não”, ela sussurrou, mas suas palavras foram engolidas pelo peso do momento.

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Ninguém se moveu para impedir. Ninguém se atreveu a intervir. A cerimônia continuou, surreal e imparável, com Stephanie agora no lugar onde Clara deveria estar. As lágrimas embaçaram a visão de Clara quando Liam e Stephanie deram as mãos, virando-se juntos para encarar o oficiante. Seu corpo gritava para que ela corresse, mas suas pernas estavam enraizadas.

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Tudo o que ela podia fazer era observar, impotente, os votos com os quais havia sonhado serem roubados na frente de seus olhos. A voz do oficiante vacilou enquanto ele prosseguia, lendo a página como se nada estivesse errado. “Você, Liam, aceita esta mulher como sua legítima esposa?” “Sim”, disse Liam, a palavra atravessando Clara como vidro.

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Sua respiração ficou presa. Sua visão se afunilou. Ao seu redor, ela podia sentir o peso de uma centena de olhos, os sussurros, a pena, o choque. Suas bochechas ardiam como se todos os convidados estivessem olhando apenas para ela, vendo sua humilhação se desenrolar como uma peça de teatro da qual não podiam desviar o olhar. “E você, Stephanie, aceita esse homem…” “Aceito!” Stephanie interrompeu ansiosamente, com sua voz alta e triunfante.

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Esse foi o ponto de ruptura. Clara tropeçou para trás, seu vestido ficou preso na borda dos degraus, suas mãos tremiam enquanto ela se soltava. Ela não conseguia respirar, não conseguia ficar ali nem mais um segundo enquanto sua irmã dizia as palavras que deveriam ser dela. As lágrimas embaçaram sua visão quando ela se virou e correu, os suspiros e murmúrios da multidão a perseguindo pelo corredor.

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Os convidados se levantaram em confusão, alguns chamando seu nome, mas ela não olhou para trás. Cada passo parecia fogo sob seus pés, sua humilhação ecoando mais alto do que a música que a havia recebido. Quando ela atravessou as portas para o ar livre, os soluços de Clara se soltaram.

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Ela pressionou uma mão contra o peito como se pudesse se manter firme, seu véu se arrastando como um fantasma da vida que acabara de perder. Lá dentro, os votos continuavam, mas ela não os ouvia mais. Para Clara, o casamento havia terminado. E ela nunca havia se sentido tão sozinha.

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Clara não se lembrava da viagem de volta para casa, apenas que suas mãos tremiam tanto que mal conseguia mantê-las no volante. Quando chegou à tranquila segurança de sua casa, seu véu estava amassado no banco do passageiro, seu vestido rasgado na bainha. Ela se atrapalhou com a chave reserva embaixo do tapete, entrou e desabou contra a porta enquanto os soluços a consumiam.

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O silêncio se fez sentir, pesado e sufocante. Seu telefone zumbia na bolsa, com chamadas e mensagens que ela não conseguia atender. Ela pressionou as palmas das mãos nos ouvidos, tentando abafar tudo – os sussurros, os suspiros, a voz de Liam escolhendo Stephanie.

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As imagens se repetiam em sua mente: o buquê caindo, os pais protestando, as mãos de Liam apertando as da irmã. Muito vívidas, muito reais. Quando o nome de sua mãe apareceu na tela, depois o de seu pai e o de Phoebe, Clara colocou o aparelho no modo silencioso e o empurrou para o lado.

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Ela ficou sentada por horas, com os joelhos junto ao peito, as lágrimas encharcando o tecido de seu vestido, até que a luz do dia que estava se apagando deu lugar ao brilho alaranjado das luzes da rua. Uma batida fez barulho na porta, primeiro brusca, depois mais suave. “Clara? Sou eu. Por favor, abra a porta”

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A voz de Phoebe. Clara se arrastou para cima, limpou o rosto com as costas da mão e abriu a porta. Sua amiga estava ali, com os olhos vermelhos e a expressão abatida. Sem dizer uma palavra, Phoebe a puxou para perto de si, e Clara se quebrou novamente, soluçando em seu ombro.

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Elas se agarraram uma à outra no vão da porta, como se segurar fosse a única maneira de sobreviver. Antes que pudessem entrar, faróis cruzaram a estrada. Uma porta de carro bateu, depois outra. Clara se enrijeceu, se preparando, mas quando seus pais apareceram no portão, uma nova dor invadiu seu peito.

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“Querida”, disse sua mãe suavemente, apressando-se a subir o caminho. Seu pai a seguiu, com o rosto pálido e abatido. Clara balançou a cabeça, a vergonha a inundando. “Eu não podia ficar. Eu tive que ir embora.” Seu pai colocou uma mão em seu ombro, firme e quente. “Nós também”, ele admitiu. “Saímos pouco tempo depois de você. Não aguentávamos mais ver o que estava acontecendo lá. Não estava certo.”

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A voz de sua mãe ficou trêmula quando ela acrescentou: “Ver Stephanie lá em cima, ver Liam dizer aquelas palavras… quebrou algo dentro de mim. Nenhum pai deveria ver um filho destruir outro daquela maneira” Ela puxou Clara para um abraço trêmulo, e Clara se agarrou a ela como se fosse uma tábua de salvação. Juntas, elas foram para a sala de estar, Phoebe fechou a porta gentilmente atrás delas.

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A casa estava em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som das respirações irregulares de Clara. Seus pais se sentaram com ela no sofá, com as mãos envolvendo as dela, enquanto Phoebe se acomodava por perto. Por um longo tempo, ninguém falou. O peso do que havia acontecido pressionava todos eles, cada um perdido em seu próprio choque.

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Clara finalmente sussurrou: “Por que ele faria isso? Por que o Liam a acompanhou?” Seu pai balançou a cabeça lentamente, com os olhos nublados pela descrença. “Eu não sei”, ele admitiu. “Essa é a parte que nenhum de nós consegue entender.” As palavras do pai de Clara ficaram pesadas na sala. Nenhum deles conseguia entender. Nenhum deles conseguia dar sentido ao que haviam testemunhado.

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“Ele nem parecia feliz”, sua mãe sussurrou por fim, olhando para o chão como se estivesse repetindo cada segundo. “Você viu o rosto dele? Aquele não era o sorriso de um homem apaixonado.” Phoebe se inclinou para frente, com as sobrancelhas franzidas. “Eu também notei. Ele parecia… tenso. Como alguém que está sendo empurrado para o palco sem saber suas falas.” A respiração de Clara ficou presa.

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A imagem dos olhos de Liam passou em sua mente – apenas por um momento, quando ele olhou para ela, havia algo ali. Não era triunfo. Não era alegria. Algo mais sombrio. Algo preso. “Mas se ele não queria”, Clara sussurrou, sua voz trêmula, “então por que ele não parou? Por que não se manifestou? Por que ele não lutou?”

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Seu pai esfregou a mão sobre a mandíbula, a frustração evidente em cada movimento. “Essa é a questão, não é? Ele fez parte disso desde o início… ou há algo que não sabemos?” A voz de Phoebe caiu para um quase sussurro. “Ele segurou suas mãos, Clara. Ele disse as palavras. Isso não é nada. Mas… ele também parecia estar engolindo vidro.”

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Clara pressionou as palmas das mãos contra as têmporas, as lágrimas voltando. “Eu simplesmente não entendo. O Liam que eu conheço nunca me humilharia desse jeito. Ele nunca…” Suas palavras se separaram, sufocadas pela angústia. “A menos que…” Seus pais trocaram um olhar preocupado, mas ficaram em silêncio.

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Clara enxugou o rosto com a manga do vestido, as mãos tremendo enquanto pegava o telefone sobre a mesa. “Preciso ouvir isso dele”, sussurrou ela. “Preciso saber o motivo.” Seus pais e Phoebe observaram em silêncio enquanto ela discava o número de Liam. A linha tocou uma vez, depois foi direto para o correio de voz. Ela tentou novamente, e mais uma vez – sempre a mesma coisa.

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Finalmente, após a terceira tentativa, a ligação tocou uma vez antes de cair direto no correio de voz. Ela tentou novamente. Dessa vez, nem sequer tocou – apenas a mesma mensagem fria: A pessoa que você está tentando contatar não está disponível. Clara prendeu a respiração. “Ele não está respondendo… é como se eu estivesse bloqueada”, disse ela roucamente, segurando o telefone para que elas vissem. Os olhos de Phoebe se arregalaram.

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“Bloqueada? Isso não faz sentido.” O rosto de seu pai se endureceu. “Me dê o telefone. Vou tentar do meu.” Ele digitou o número, esperou – e segundos depois, sua expressão escureceu. “Bloqueado.” A mãe dela seguiu rapidamente, com as mãos trêmulas enquanto digitava. Em poucos instantes, ela soltou um suspiro atônito. “Eu também. E não apenas o Liam. Stephanie também.

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Os dois nos bloquearam.” A sala ficou em silêncio. Três telefones estavam sobre a mesa de centro, cada um exibindo a mesma rejeição. O peito de Clara se apertou como se o próprio ar tivesse se voltado contra ela. “Eles bloquearam todos nós”, ela sussurrou. “Juntos.” Phoebe se aproximou mais, com a voz embargada pela descrença. “Isso é deliberado. Eles não querem que você – ou qualquer pessoa – chegue até eles.”

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As palavras causaram um arrepio na sala, deixando Clara mais arrepiada do que o silêncio que se seguiu. Clara ficou congelada, olhando para os telefones sobre a mesa como se eles pudessem se iluminar de repente com uma explicação. Mas nada veio. O silêncio ficou mais pesado, pressionando cada canto da sala. Finalmente, Phoebe pegou seu próprio telefone.

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“Se eles não atenderem, talvez sejam estúpidos o suficiente para postar alguma coisa. Pessoas como a Stephanie não resistem a um público.” Clara se inclinou para mais perto, seu estômago se revirando enquanto Phoebe digitava. Em segundos, os olhos de sua amiga se arregalaram. “Oh, meu Deus…” Ela virou a tela na direção de Clara. Lá estava ele – o perfil de Stephanie, brilhando com novas atualizações.

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Fotos do local do casamento, brilhantes e polidas, como se nada tivesse dado errado. Stephanie em seu vestido. Liam ao seu lado. Legendas cheias de corações e emojis brilhantes. A mão de Clara voou para sua boca, um soluço se soltou. “Não…”, ela sussurrou. Phoebe rolou a tela para baixo, seu rosto empalidecendo. “Ela já está chamando esse dia de seu casamento. Veja.”

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Outra foto mostrava o braço de Liam envolvendo a cintura de Stephanie, seu sorriso fraco, mas inconfundível. A legenda dizia: Os sonhos realmente se tornam realidade. Sua mãe ofegou, cobrindo a boca em choque. “Como ela pôde – depois de tudo?” Os punhos de seu pai se cerraram, sua voz baixa e firme. “Isso não é apenas traição. Isso é um espetáculo. Ela quer que todos vejam isso.”

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Clara balançou a cabeça, tremendo. Cada imagem parecia uma lâmina que se torcia mais profundamente, cada palavra uma provocação. “Ela está esfregando isso na minha cara”, ela sussurrou. “As duas estão.” Phoebe abaixou o telefone bruscamente, sua própria voz tremendo de raiva. “Então temos que descobrir o motivo, Clara. Porque isso não faz sentido. Nem a aparência dele, nem a maneira como ele agiu.”

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“Há algo errado aqui.” Clara enxugou as lágrimas com as costas da mão, com a respiração irregular. “Não posso viver com isso”, disse ela de repente, sua voz cortando o silêncio. “Não posso ficar sentada aqui enquanto eles fingem que isso é normal. Preciso de respostas.” Seus pais trocaram olhares preocupados, mas não tentaram impedi-la.

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Phoebe se inclinou para frente, com os olhos ferozes. “Então vamos encontrá-los. Juntos.” Clara se levantou do sofá, andando de um lado para o outro enquanto fragmentos do dia passavam por sua mente – as mãos trêmulas de Liam, o brilho em seus olhos quando ele olhava para ela, o modo como ele parecia… preso. Não fazia sentido. Nada disso fazia sentido.

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As ligações não atendidas, os números bloqueados e as mensagens de zombaria a atormentavam. Ficar quieta parecia impossível. Clara parou de andar, sua determinação se endureceu. “Tenho que encontrá-los”, disse ela, com a voz mais firme do que esperava. “Se eles não vierem até mim, eu irei até eles.”

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Seus pais trocaram olhares ansiosos, mas ainda assim não intervieram. Phoebe se levantou rapidamente. “Você quer dizer o hotel? A suíte de lua de mel?” Clara assentiu com a cabeça. “É lá que eles estarão. E eu não vou passar mais uma noite pensando nisso.”

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Seu pai deu um passo à frente, com a voz baixa, mas resoluta. “E quando você fizer isso, nós estaremos com você. Seja o que for, Clara, você não enfrentará isso sozinha.” Pela primeira vez desde a cerimônia, ela sentiu algo além de desespero. Era frágil, mas estava lá – uma faísca de determinação queimando em meio à névoa da traição.

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Minutos depois, ela estava no carro, a estrada era um borrão sob os faróis. Cada quilômetro aumentava o nó em seu peito, sua mente oscilando entre a fúria e o pavor. Ela já havia imaginado chegar a esse hotel de mãos dadas com Liam, radiante de amor. Agora, ela estava indo em direção a ele com o coração partido, desesperada pela verdade.

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O hotel surgiu da escuridão, com suas janelas brilhando contra o céu noturno. Clara estacionou, seu pulso se acelerou quando ela saiu, o ar da noite era forte contra sua pele. As portas do saguão se abriram com um suave ruído, mas ela mal registrou o mármore polido ou o leve aroma de lírios que se espalhava pelo ar.

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Sua atenção estava voltada para os elevadores, para o número do quarto gravado em sua memória. Quando chegou ao corredor da suíte, o silêncio se fechou ao seu redor. Ela parou diante da porta, com a respiração presa na garganta e a mão pairando sobre a madeira. E então ela congelou.

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Do lado de dentro, veio o som de vozes altas – os tons agudos e furiosos de Stephanie atravessando a porta, a voz baixa de Liam, rouca de tensão. O peito de Clara se contraiu quando ela se aproximou mais, esforçando-se para captar as palavras. Sua pulsação rugia em seus ouvidos.

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Ela não aguentava mais. Com o punho cerrado, ela bateu na porta. “Abra!”, gritou ela, com a voz embargada. “Eu sei que você está aí dentro!” A discussão foi interrompida em um instante. Por um momento, houve apenas silêncio, depois sussurros apressados e o som de movimento. Finalmente, o ferrolho deslizou para trás e a porta se abriu.

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Clara se empurrou para a frente, com a raiva tremendo dentro dela enquanto seus olhos se fixavam em sua irmã. “Como você se atreve?”, ela exigiu, com a voz áspera. “Como você se atreve a transformar meu casamento nesse circo? Você acha que me humilhar a deixa feliz?” Os lábios de Stephanie se entreabriram, mas antes que ela pudesse responder, Liam interrompeu, suas palavras saindo aos tropeços.

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“Clara – ela me encurralou. Aqueles papéis que você assinou? Os que ela colocou entre as reservas e os depósitos do local? Eles não eram para flores ou bufê. Eram transferências. Sua casa, suas economias – tudo. Ela me disse que já tinha arquivado cópias, que poderia tirar tudo de você e nos deixar sem nada.”

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O estômago de Clara caiu, sua respiração ficou presa. “O quê?”, ela sussurrou. A voz de Liam ficou trêmula. “Ela disse que se eu a recusasse no altar, ela faria com que tudo fosse destruído naquele mesmo dia. Que arruinaria você, seus pais – todo mundo.”

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“Pensei que se eu lhe desse o que ela queria naquele momento, poderia impedi-la de ir adiante. Ganhar tempo para nós. Encontrar uma maneira de desfazer isso depois. Entrei em pânico, Clara. Achei que era a única maneira de proteger você.”

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Stephanie deu uma risada aguda, frágil como vidro. “E você me chama de manipuladora? Olhe para ele, Clara. Ele está admitindo – ele fez a escolha dele. Ele ficou do meu lado.” A voz de Clara se elevou, feroz com fúria e mágoa. “Não. Ele não escolheu você. Você o prendeu em uma armadilha. Você o enganou, e acha que isso faz de você a noiva? Você construiu toda a sua vida roubando de mim, Stephanie. “

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“E desta vez, eu juro, você não vai ganhar.” A gritaria no corredor atraiu mais funcionários, depois hóspedes e, em poucos minutos, os seguranças do hotel apareceram, seguidos por policiais chamados para acalmar os ânimos. Imediatamente, Stephanie começou a contar sua versão dos fatos: uma irmã ciumenta invadindo o quarto, desesperada para arruinar sua felicidade.

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Ela acenou com as mãos dramaticamente, com a voz embargada por uma indignação fingida. Clara se preparou para a descrença, para a humilhação de ser dispensada mais uma vez. Mas então Liam deu um passo à frente. Sua voz estava trêmula, mas a verdade saiu em pedaços irregulares.

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A papelada, as assinaturas entre os depósitos do casamento, as ameaças de privar Clara de seus bens e de suas economias se ele não obedecesse. Os policiais ouviram atentamente, fazendo anotações, com os olhos voltados para Stephanie enquanto ele falava.

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Um policial pediu para ver a papelada que ela havia usado para planejar o casamento. Stephanie se enrijeceu, insistindo que não havia nada de anormal, mas a bolsa ao seu lado contava outra história. Sob pressão, ela a entregou.

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Dentro dela, entre amostras de tecido e mapas de assentos, estavam os documentos: transferências de propriedade, autorizações financeiras, cuidadosamente preparados e prontos para serem arquivados. A assinatura da própria Clara aparecia repetidas vezes em uma tinta que ela se lembrava de ter colocado depois de beber muito vinho, acreditando que estava apenas aprovando depósitos e reservas para o grande dia.

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A evidência era inegável. Um funcionário se virou para Clara, com uma expressão firme, mas gentil. “Você estava certa. Ela armou tudo isso para tirar tudo de você.” Pela primeira vez desde o altar, Clara sentiu seus joelhos se firmarem sob ela.

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Stephanie, confrontada com a prova, explodiu – gritando com Liam, com Clara, com os policiais. Sua fúria se transformou em soluços, seu rosto se contorceu de raiva e desespero. Quando eles a levaram embora, se debatendo e gritando, a decisão estava clara: ela seria colocada sob cuidados psiquiátricos.

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A terapia, e não a prisão, era a única chance de ela se livrar da obsessão que havia envenenado sua vida. Os dias que se seguiram foram lentos e frágeis, mas Clara e Liam passaram por eles juntos. Ele se desculpou repetidas vezes, não apenas pelo dia do casamento, mas por achar que o silêncio poderia protegê-la. E Clara, embora marcada, deixou que o perdão criasse raízes com o tempo.

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Meses depois, sob um arco silencioso de flores em um jardim cercado apenas pela família e pelos amigos mais próximos, eles trocaram votos que pertenciam apenas a eles. Sem interrupções, sem jogos distorcidos – apenas duas pessoas prometendo, honestamente, começar de novo.

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Quando Liam colocou o anel em seu dedo, os olhos de Clara se encheram de lágrimas. Dessa vez, elas não eram de tristeza, mas de algo muito mais suave: alívio, amor e a paz de saber que, depois de tudo, ela e Liam haviam sobrevivido.

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