Advertisement

O hidroavião balançava suavemente em águas abertas, com os motores zumbindo baixinho à medida que se movia. Noah olhava para o horizonte, com o suor frio em seu pescoço. Dois barcos longos apareceram – silhuetas escuras cortando rapidamente as ondas. “Droga”, ele murmurou, “eles não deveriam estar aqui”

Jamie se inclinou para a frente, estreitando os olhos. “Pode ser a Guarda Costeira”, disse ele, embora sua voz não tivesse convicção. Noah balançou a cabeça. “Eles chegaram muito cedo.” Os barcos não responderam às suas saudações. Nenhuma chamada de rádio. Nenhuma bandeira. Apenas se aproximavam em alta velocidade, muito retos, muito silenciosos. Seu estômago caiu. “Eles não estão aqui para nos ajudar.”

Eles observaram, impotentes, os barcos se aproximarem, mais perto a cada segundo. O spray estourou ao redor de seus cascos. Figuras se erguiam – rostos obscurecidos, braços erguidos, gritando palavras que nenhum dos pilotos conseguia entender. Os dedos de Noah se apertaram nos controles. Jamie sussurrou: “O que vamos fazer agora?” Mas ambos sabiam. Isso não era um resgate. Tratava-se de sobrevivência.

O sol da manhã pintava o Oceano Índico de prateado e dourado, sua superfície ondulante captando cada brilho de luz. O capitão Noah Reyes ajustou o fone de ouvido e olhou para o reflexo das asas do hidroavião na água abaixo.

Advertisement
Advertisement

À sua direita, o copiloto Jamie Malik tocava o altímetro, com um sorriso tão largo quanto o horizonte. “Voo número cem”, disse Jamie. “Você sabe o que isso significa? “Que você vai levar bolo para a equipe de terra?” Noah respondeu secamente, com os olhos ainda examinando os instrumentos.

Advertisement

“Significa”, disse Jamie, ignorando a provocação, “que depois que aterrissarmos em Djibuti esta tarde, estarei oficialmente qualificado para ser capitão internacional. Não há mais segundo assento. Chega de fingir que estou rindo de suas piadas”

Advertisement
Advertisement

Noah sorriu. “Não são piadas. São lições de humildade.” “Uh-huh.” Os dois já voavam juntos há mais de um ano, transportando tudo, desde cientistas e médicos até equipamentos delicados, pela costa africana.

Advertisement

O manifesto de hoje incluía apenas três caixas de carga, cada uma delas lacrada e amarrada firmemente no porão. Com etiquetas de transporte internacional e marcações de segurança, o conteúdo era confidencial, mas a papelada indicava componentes de satélite de alto valor – leves, caros e raros.

Advertisement
Advertisement

O voo havia começado sem problemas – céu calmo, mar aberto, nada além de uma conversa gentil entre dois homens que haviam voado juntos por tempo suficiente para confiarem suas vidas um ao outro. Jamie estava marcando o marco em sua mente: voo número cem. O tipo de voo que parecia rotineiro. Seguro.

Advertisement

Então, uma luz vermelha piscou no painel. Noah a viu ao mesmo tempo em que Jamie. “Jamie…?” “Sim, estou vendo”, disse Jamie, já percorrendo as leituras do sistema. “O atuador do leme não está respondendo. A substituição manual está… falhando.”

Advertisement
Advertisement

Noah pressionou os pedais. Sem resistência. Apenas peso morto. “Perdemos o controle do leme”, disse ele, a calma em sua voz em desacordo com a tensão crescente na cabine. Jamie se inclinou para frente, examinando os instrumentos. “Não podemos aterrissar assim. Mesmo ventos laterais leves podem nos fazer girar. Nos virar.”

Advertisement

“Então vamos aterrissar aqui por enquanto.” Noah disse categoricamente. Jamie piscou os olhos. “Estamos muito longe -” Noah interrompeu – “Não temos escolha” Houve um momento de silêncio. Então Jamie respirou fundo e pegou o microfone. “Mayday, mayday, mayday. Aqui é Gulf Seaway 5-9”, disse ele, com a voz firme.

Advertisement
Advertisement

“Perdemos o controle do leme e estamos executando um pouso de emergência no mar. Coordenadas…” Ele as indicou, rápido, mas claro. “Solicito assistência imediata. Tentaremos manter o rumo usando apenas o impulso do motor.”

Advertisement

Noah ajustou os flaps, iniciando a descida. “Precisamos atingir a água de forma plana. Nariz para cima. Sem ângulo, sem mergulho, ou vamos dar uma cambalhota e nos despedaçar.” Jamie não respondeu. Apenas segurou as laterais do assento, com a mandíbula cerrada.

Advertisement
Advertisement

O oceano lá embaixo parecia enganosamente calmo, mas os dois pilotos sabiam disso. Um toque errado – muito cedo, muito brusco – e o hidroavião poderia se abrir com o impacto. O metal se amassaria. As linhas de combustível se romperiam. Não haveria uma segunda chance.

Advertisement

“Preciso de você concentrado”, disse Noah, com a voz baixa, mas firme. “Se fizermos besteira, não teremos uma nova tentativa.” Jamie fez um único e trêmulo aceno de cabeça. O avião desceu, cortando uma rajada de vento quente. Os pontões bateram com força.

Advertisement
Advertisement

Por um momento, eles balançaram – uma, duas vezes – e então os flutuadores se enterraram na água. Um enorme jato de água salgada explodiu para cima, lavando as janelas da cabine. A aeronave inteira tremeu como se tivesse levado um soco no estômago.

Advertisement

Depois, silêncio. O hidroavião balançou no lugar, inclinando-se levemente a cada pequena onda. Noah não soltou o manche imediatamente. Suas mãos ainda estavam presas ali, com os nós dos dedos brancos. “Estamos vivos”, disse Jamie finalmente, com a voz fina e incerta. Noah exalou lentamente. “Sim.”

Advertisement
Advertisement

Jamie checou o rádio. “A Guarda Costeira confirmou. O navio mais próximo está a caminho. Tempo de chegada: três horas.” Eles olharam para o mar aberto. Noah, olhando para os lados, acrescentou: “Não conte isso como sua centésima vez se não chegarmos a Djibuti”

Advertisement

Jamie deu uma risada trêmula. “Não se preocupe. Tenho um bom pressentimento.” Nenhum dos dois notou a cintilação de movimento no horizonte – duas manchas pretas contra o azul cintilante. O hidroavião flutuou suavemente pela superfície do mar, com os motores em marcha lenta apenas o suficiente para manter o nariz apontado para o leste.

Advertisement
Advertisement

Dentro da cabine de comando, Jamie mexia no GPS, tentando calcular a distância que as correntes poderiam levá-los antes que a ajuda chegasse. A cabine estava silenciosa, exceto pelo rangido ocasional do metal e o zumbido suave dos rádios.

Advertisement

Lá fora, o oceano não estava exatamente calmo. As ondas batiam nos flutuadores e rolavam sob o avião, dando-lhe um ritmo irregular e irregular. Cada onda parecia ter desviado a aeronave um grau do curso. Noah murmurou baixinho. “Essa coisa não foi feita para ficar balançando por horas”

Advertisement
Advertisement

Jamie franziu a testa para o mapa. “Com essa taxa de desvio, vamos acabar em algum lugar entre absolutamente nenhum lugar e muito absolutamente nenhum lugar.” “Quanto tempo eles disseram de novo?” “Três horas, mais ou menos.” Jamie verificou seu relógio. “Já gastamos vinte minutos.”

Advertisement

O avião gemeu quando outra onda bateu em sua lateral. Noah estremeceu. “Não temos três horas para isso. Se algo der errado, começaremos a entrar na água.” “Poderíamos tentar estabilizar a deriva”, ofereceu Jamie, “se conseguirmos soltar o leme.

Advertisement
Advertisement

Talvez nos orientemos um pouco mais para o leste e nos aproximemos das rotas de navegação.” Noah levantou uma sobrancelha. “Você acha que ele está preso, não quebrado?” Jamie se levantou e se dirigiu à escotilha de manutenção traseira. “Só há uma maneira de descobrir.” Ele desceu até o estreito acesso de serviço, rastejando até a metade do caminho para a parte de trás, enquanto Noah ficava de olho.

Advertisement

Alguns minutos depois, a voz de Jamie veio pelo intercomunicador. “Capitão. O senhor vai adorar isso. Parece que algo se prendeu na articulação do leme. Não quebrou, apenas… emperrou” Noah respondeu: “Defina alguma coisa”

Advertisement
Advertisement

“Parece que parte do tapete de isolamento que substituímos na semana passada. Deve ter se soltado e foi sugada para dentro do mecanismo de engrenagem.” Noah, na esperança de uma solução, pergunta: “Você consegue tirar isso?” Jamie olha mais de perto: “Não daqui. Teríamos de desligar a energia e abrir a escotilha do lado de fora.”

Advertisement

Noah considerou isso. “É muito arriscado com essas ondas. Se perdermos a potência do motor enquanto estivermos flutuando, estaremos indefesos.” Jamie reapareceu na cabine de comando, tirando a poeira do macacão. “Então vamos esperar?” Noah não respondeu de imediato.

Advertisement
Advertisement

Ele olhou para a tela de navegação, depois para as ondas, depois para o rádio silencioso. “Esperamos. Mas planejamos algo para o caso de…” Sua voz foi interrompida. Ele se inclinou para a frente, com os olhos espreitando pela janela da frente. Jamie seguiu seu olhar. “Jamie. Três horas.”

Advertisement

Jamie se virou para as direções mencionadas por Noah e protegeu seus olhos do sol, então congelou. No horizonte distante, dois barcos apareceram – silhuetas longas e estreitas deslizando baixo e rápido sobre as ondas. Suas ondas dividiam o oceano como lâminas.

Advertisement
Advertisement

Houve uma pausa entre eles. “Pode ser a Guarda Costeira”, disse Jamie com esperança. “Isso foi rápido.” Noah não piscou. “Eles disseram três horas.” Jamie verificou o registro. “Sim. Ainda estamos a mais de 70 milhas de distância.” Eles trocaram um olhar.

Advertisement

“Tente chamá-los”, disse Noah, já sabendo que era inútil. Jamie pegou o microfone. “Embarcações não identificadas se aproximando da Gulf Seaway 5-9, por favor, respondam. Este é um hidroavião desativado, estamos precisando de assistência.”

Advertisement
Advertisement

Silêncio. Noah pegou os binóculos. “Eles não são da Guarda Costeira.” Jamie se virou lentamente de volta para a janela. “Então… quem são eles?” Noah baixou os binóculos. Sua voz era plana. “Piratas.” Jamie entrou em pânico: “Como diabos eles sabiam que estávamos aqui fora?”

Advertisement

Noah não tirou os olhos do horizonte. “O Mayday foi emitido em uma frequência aberta. Qualquer um que estivesse ouvindo teria ouvido.” O peso dessa constatação se instalou como uma pedra em seus peitos. O que era uma emergência técnica estava se transformando em algo muito pior.

Advertisement
Advertisement

“Precisamos nos mover”, disse Noah com firmeza. “Liguem os motores. Não somos alvos fáceis.” Jamie voltou para seu assento. “Não podemos voar.” “Não”, concordou Noah. “Mas podemos navegar.” Ele empurrou os aceleradores para frente. O hidroavião respondeu lentamente, arrastando-se pela água como uma baleia ferida.

Advertisement

O spray se espalhou quando eles ganharam um pouco de velocidade, o suficiente para começar a se afastar dos barcos que se aproximavam. Na parte traseira do avião, a preciosa carga balançava em seu arnês. Jamie deu uma olhada para trás. “Eles não sabem o que estamos carregando, certo?”

Advertisement
Advertisement

Noah não respondeu. Ele não precisava responder. O hidroavião avançou com toda a graça de uma geladeira em uma banheira. Os motores gaguejavam e roncavam contra o esforço, mal mantendo o nariz apontado para o leste enquanto as ondas batiam com força nos flutuadores.

Advertisement

O spray batia contra as janelas. Dentro do cockpit, a tensão se enrolava como um fio pronto para se romper. Noah agarrou os aceleradores com os nós dos dedos brancos. “Isso não está funcionando. Estamos nos arrastando. Oito nós. Talvez.” Os olhos de Jamie passaram do radar para o horizonte e vice-versa.

Advertisement
Advertisement

“Eles estão se movendo a pelo menos o dobro disso. Talvez mais. Deus – olhe para eles.” Noah não precisou olhar. Ele podia ouvi-los agora – um rosnado baixo e crescente à distância. Motores de barcos. Dois deles. Aproximando-se. “Eles não estão hesitando”, murmurou Jamie. “Estão vindo direto para nós.”

Advertisement

A voz de Noah era baixa, cortada. “Sem formação, sem flanqueamento. Eles sabem que não podemos manobrar.” Jamie já estava suando. “O que vamos fazer? Não podemos correr mais do que eles. Não podemos ultrapassá-los. Não podemos nem mesmo voar.” “Continuem se movendo. É tudo o que temos.”

Advertisement
Advertisement

Jamie deu uma olhada atrás deles. As três caixas lacradas se deslocavam a cada solavanco. Ele olhou para elas como se estivessem prestes a explodir. “Eles não sabem o que estamos carregando, certo?” Sua voz ficou um pouco trêmula. Noah não respondeu.

Advertisement

“Certo? Noah?” Noah olhou para frente, com a mandíbula cerrada. “Se eles estão nos perseguindo tanto assim, não importa. Eles acham que há algo valioso a bordo.” Jamie praguejou e bateu com a palma da mão no painel de controle. “Não deveríamos estar aqui fora. Isso – isso não deveria estar acontecendo.”

Advertisement
Advertisement

“Eu sei”, disse Noah. Jamie apontou para o radar. “Eles estão bem atrás de nós. A Guarda Costeira ainda está a mais de uma hora de distância. Isso -” ele olhou para as mãos, tremendo levemente – “isso se eles sequer chegarem aqui.” Noah cerrou os dentes. “Eles virão.”

Advertisement

“Até lá, já teremos ido embora!” O hidroavião atingiu uma forte ondulação. A cabine inteira balançou. Uma das luzes de advertência no painel de instrumentos piscou ameaçadoramente. Jamie estremeceu. “Nós vamos virar essa coisa” “Não vamos”, disse Noah rapidamente, mas ele não parecia ter certeza. “Só temos que ganhar tempo. Manter distância.”

Advertisement
Advertisement

Jamie se inclinou para mais perto da janela. Sua voz baixou. “Eu posso vê-los agora. Os rostos. Eles estão de pé, apontando, gritando alguma coisa. Como se eles já pensassem que essa coisa é deles.” Noah pegou os binóculos. Uma olhada foi suficiente. “Não podemos deixá-los embarcar. Se eles entrarem, acabou.”

Advertisement

As palavras de Jamie foram rápidas. “Ok, ok, e depois? Cortamos a energia? Tentamos nos esconder? Usamos a carga para bloquear as portas? O que devemos fazer? O que devemos fazer?” Noah olhava fixamente para frente. “Vamos dificultar ao máximo a entrada. Fechamos todas as escotilhas. Bloqueamos todas as portas. Ganharemos tempo.”

Advertisement
Advertisement

A respiração de Jamie estava superficial, o peito subindo rapidamente. “Você está falando sério?” Noah retrucou: “Você tem uma ideia melhor?” Jamie abriu a boca. Não saiu nada. A voz de Noah ficou mais dura. “Eles estão chegando. Você quer sobreviver? Comece a se mexer.” Jamie não esperou por outra palavra. Ele já estava de pé, movendo-se pelo corredor estreito enquanto o avião se inclinava ligeiramente abaixo dele.

Advertisement

As caixas balançavam em suas alças. Uma caixa de ferramentas caiu no chão da área de carga, quase pegando seu tornozelo. “Temos a porta principal do lado direito”, ele disse. “E a escotilha traseira. Ambas precisam ser fechadas e bem trancadas.”

Advertisement
Advertisement

Noah manteve uma mão no acelerador enquanto examinava as sombras crescentes na água atrás deles. Os barcos estavam se aproximando, saltando alto sobre as ondas, como se pudessem saltar sobre o mar se fosse necessário. “Usem qualquer coisa pesada que encontrarem”, disse ele. “Amarre-o. Prendam com cunha. Prendam-no.”

Advertisement

Jamie alcançou a escotilha traseira primeiro. Ela tinha uma barra de travamento manual, mas o mecanismo não foi feito para força bruta. Ele chutou um caixote no lugar e puxou um pedaço de rede de carga, amarrando-a em torno de ambas as alças e apertando-a com força.

Advertisement
Advertisement

Em seguida, arrastou a caixa de ferramentas e a empilhou em cima, cerrando os dentes enquanto o avião tremia embaixo dele. Na cabine de comando, Noah fez uma rápida verificação dos sistemas – não que isso importasse muito. O avião não estava indo a lugar algum. Mas ele precisava saber quais sistemas ainda tinha.

Advertisement

A energia da bateria estava estável. O sinal de rádio ainda estava funcionando. O leme ainda estava travado. Ele olhou por cima do ombro. “Jamie?” “Quase pronto!” A voz de Jamie ecoou de volta. “A porta de estibordo é a próxima. Só temos aquela rampa dobrável e a alavanca interna – se eles a abrirem -“

Advertisement
Advertisement

“Não deixe que eles abram.” Noah ficou de pé, ativando a trava interna da porta da cabine de comando, pegando o extintor de incêndio e colocando-o dentro da entrada. Não era uma grande arma, mas era alguma coisa.

Advertisement

Jamie chutou outro caixote pela cabine, colocando-o contra a porta com um grunhido. O suor escorria por suas têmporas. “Isso é ridículo”, ele ofegou. “Estamos fortificando uma lata flutuante.” Noah voltou à cabine de comando, com o peito arfando. “É tudo o que temos.”

Advertisement
Advertisement

Jamie se acomodou no assento do copiloto, limpando as palmas das mãos na calça. “Acho que isso não vai segurá-los por muito tempo.” “Não precisa”, disse Noah. “Apenas o suficiente.” Os motores atrás deles tossiram, depois se estabilizaram. Os motores do barco, no entanto, estavam mais altos agora – estáveis, ameaçadores.

Advertisement

Noah ousou dar uma olhada pela janela lateral. Um dos barcos estava a apenas algumas centenas de metros de distância. Ele podia ver as figuras a bordo acenando, fazendo sinais. “Eles acham que vamos nos render?” Jamie perguntou em voz baixa. “Acho que eles pensam que não temos mais opções”, respondeu Noah.

Advertisement
Advertisement

As mãos de Jamie tremiam enquanto ele colocava o cinto de segurança de volta no lugar. “Estamos?” Os lábios de Noah se comprimiram em uma linha. “Ainda não.” As ondas balançaram o avião novamente, com mais força dessa vez. O assoalho se deslocou. De algum lugar na parte traseira, um rangido baixo e metálico ecoou. Um dos caixotes havia se inclinado ligeiramente em seu arnês.

Advertisement

“Fique de olho nisso”, disse Noah. Lá fora, a água subiu. O primeiro dos barcos se desviou para a esquerda, acompanhando a deriva. O outro diminuiu a velocidade, indo em direção à porta lateral bloqueada. Jamie ficou olhando. “Eles estão tentando embarcar.” A voz de Noah era um sussurro agora. “Então vamos esperar.”

Advertisement
Advertisement

O som dos barcos era alto agora – não mais distante. As ondas batiam com mais força e vozes gritavam além das paredes finas do hidroavião. O avião inteiro tremeu enquanto a água ao redor fervia com o movimento.

Advertisement

Jamie olhou para a porta lateral bloqueada, com o coração batendo forte. Um dos caixotes que eles usaram para protegê-la começou a se deslocar ligeiramente a cada solavanco. “Eles estão bem perto de nós”, disse ele, pouco acima de um sussurro. Noah não disse nada. Ele também estava ouvindo. Então os dois ouviram.

Advertisement
Advertisement

Uma batida fraca. Depois outro. Algo estava batendo na parte externa do avião. “Eles estão nos testando”, disse Noah. “Para ver se é fácil subir.” Outro estrondo – mais alto agora. Depois, um ruído de arrasto, como se alguém estivesse raspando algo pesado na parte externa.

Advertisement

Jamie se agarrou à lateral de seu assento. “E se eles já estiverem tentando subir?” “Pode ser que estejam”, disse Noah, sem parecer confiante. Então veio uma batida forte – bem na porta lateral. Jamie se levantou. “Era a porta.” “Eles estão tentando a maçaneta”, disse Noah.

Advertisement
Advertisement

Jamie correu para a cabine principal. Ele se pressionou contra o caixote que bloqueava a porta e espiou pela pequena janela. Um vulto estava do lado de fora – apenas uma sombra através do vidro. Uma mão bateu na janela uma vez, com os dedos bem abertos. Nenhuma palavra. Apenas pressão.

Advertisement

“Eles estão bem aqui”, disse Jamie. “Estão tentando abri-la.” Noah se juntou a ele, com voz firme. “Não abram a porta. Não importa o que eles façam – nós os mantemos do lado de fora.” Outro som surgiu – um rangido profundo e gemido. A porta estava sendo empurrada com força agora. O caixote preso na frente dela se moveu ligeiramente.

Advertisement
Advertisement

“Eles estão usando algo para tentar forçar a abertura”, disse Jamie, dando um passo para trás. “Se continuarem assim, vão conseguir passar.” “Fiquem atrás das caixas”, disse Noah. “Se eles conseguirem entrar, nós ficaremos atrás e fora de vista.” A respiração de Jamie estava rápida e superficial.

Advertisement

“Não fomos treinados para isso. Voamos com pessoas e pacotes. Não foi para isso que nos inscrevemos.” Noah o olhou diretamente nos olhos. “Eu sei. Mas nós estamos aqui. E não vamos deixar que eles tomem este avião.” Uma batida repentina na parte de trás do avião fez tudo tremer novamente.

Advertisement
Advertisement

Desta vez, com mais força. “Eles estão tentando dos dois lados”, disse Noah. Então tudo ficou em silêncio. Jamie prendeu a respiração. “Por que eles pararam?” Noah olhou para o radar, embora ele não lhes dissesse nada de novo agora. “Eles estão descobrindo o que fazer em seguida.”

Advertisement

O silêncio era pior do que o barulho. Então veio o som de algo se dobrando. Depois, um estalo agudo. Jamie deu um passo para trás. “Essa porta não vai aguentar.” Noah acenou com a cabeça uma vez, com os olhos na porta da cabine. “Prepare-se.”

Advertisement
Advertisement

A fechadura cedeu com um estalo metálico e a porta da cabine se abriu. Três homens entraram. Suas roupas molhadas se agarravam à pele. Seus rostos estavam quase todos cobertos – lenços, capuzes e até óculos escuros – embora um deles tivesse um sorriso que não chegava aos olhos.

Advertisement

O mais alto apontou bruscamente para Jamie e latiu algo em um idioma que nenhum dos pilotos entendia. “Para trás!” Disse Noah rapidamente, levantando as duas mãos. “Não estamos armados.” Um dos piratas segurou uma corda. Outro agarrou Noah e o empurrou de volta para o assento. “Sente-se!”, gritou o homem, com voz áspera e sotaque carregado. “Sem barulho. Sem problemas. Você vive.”

Advertisement
Advertisement

Jamie não se moveu rápido o suficiente. O pirata alto deu um passo à frente e enfiou um dedo em seu peito. “Fique quieto”, ele rosnou em um inglês quebrado. “Ou faremos você ficar quieto.” Eles amarraram os dois – as mãos atrás das costas, os pulsos apertados com força. As cordas eram ásperas, queimando a pele. Jamie estremeceu, tentando se contorcer, mas o nó só aumentou.

Advertisement

Fora da cabine de comando, mais dois piratas já estavam trabalhando na carga. Caixas raspavam no chão molhado, fechos pesados se abriam. Noah se esforçou contra a corda, com os dedos se contorcendo. Ele olhou para o painel suspenso, tentando pensar em alguma coisa, qualquer coisa.

Advertisement
Advertisement

Mas com as mãos amarradas e dois piratas a centímetros de distância, não havia nada que ele pudesse fazer. Jamie recuou instintivamente – e tropeçou. Seu pé ficou preso sob a cadeira do copiloto e ele caiu para trás – direto para o console central. O avião inteiro sacudiu.

Advertisement

Seu cotovelo atingiu o acelerador e a parte inferior das costas bateu em um grande interruptor vermelho com a inscrição “AUX EMERGENCY”. Uma sirene soou no hidroavião como uma buzina de neblina enlouquecida. Todos os cinco piratas se encolheram.

Advertisement
Advertisement

Um deles gritou algo, entrando em pânico quando o avião começou a rolar levemente. Outro perdeu o equilíbrio e caiu contra o caixote aberto. Uma das caixas menores tombou e caiu no chão, derramando o delicado conteúdo – caixas de prata, eletrônicos, peças de hardware que agora faziam barulho e saltavam pela cabine.

Advertisement

“Feche isso! Feche!”, gritou o mais alto. Jamie foi arrancado dos controles. Um pirata bateu o interruptor de volta, silenciando a sirene, mas não antes que o dano fosse feito. Os homens latiram ordens uns para os outros, depois voltaram sua atenção para a carga. O mais alto apontou um dedo em direção à porta.

Advertisement
Advertisement

“Nós os levamos”, disse ele. “Agora.” Dois piratas puxaram Noah e Jamie com força, levaram-nos para o flutuador traseiro do avião e os arrastaram para um dos barcos. O oceano batia contra o casco quando as ondas aumentavam.

Advertisement

Jamie sentou-se ao lado de Noah, ambos encharcados e tremendo. Seus pulsos ainda estavam amarrados. “Perdemos o avião”, Jamie sussurrou. “Eles estão levando tudo”, murmurou Noah. Jamie olhou para a água, observando os piratas trabalharem juntos para levantar um grande caixote do avião.

Advertisement
Advertisement

“O que você acha que eles vão fazer conosco?” Noah não respondeu. Então, acima do vento e das ondas, eles ouviram. Uma buzina distante. Depois outra. Eles se viraram. No horizonte, cortando o mar, havia um barco branco com uma faixa azul. A Guarda Costeira. A toda velocidade. Aproximando-se rapidamente.

Advertisement

Os piratas também o viram. Os gritos irromperam. O caixote escorregou de suas mãos, caindo com um estrondo no convés do barco. Dois deles se esforçaram para se afastar do avião. Um deles caiu na água. Outro tentou ligar o motor, mas se atrapalhou com a corda.

Advertisement
Advertisement

Uma voz ecoou pelo mar. “Aqui é a Guarda Costeira! Larguem suas armas e fiquem onde estão!” Holofotes iluminaram o caos. Noah e Jamie protegeram seus olhos. Em segundos, os piratas estavam cercados. Um navio menor da Guarda Costeira os flanqueou.

Advertisement

Os oficiais subiram a bordo com uma velocidade praticada, gritando comandos em vários idiomas. Noah sentiu suas cordas sendo cortadas. Um oficial segurou seu ombro. “Você está bem, senhor?” Noah assentiu com a cabeça. “Não conseguimos… não conseguimos detê-los.”

Advertisement
Advertisement

“Você manteve sua posição”, disse o policial. “Aquela sirene? Foi o último sinal de que precisávamos. Tínhamos sua localização geral, mas aquela explosão nos deu seu local exato.” Jamie riu, atônito. “Eu me sentei nela por acidente” O oficial sorriu: “Acidente de sorte”

Advertisement

Em poucos minutos, os piratas foram algemados e embarcados nos barcos da Guarda Costeira. Os bens roubados – pelo menos a maior parte deles – foram recuperados. O hidroavião flutuou levemente nas ondas, danificado, mas ainda flutuando.

Advertisement
Advertisement

Mais tarde, quando estavam sentados sob um cobertor quente no convés do navio, Jamie se inclinou para trás, ainda tremendo um pouco. “Então”, disse ele, “esse é o voo cem” Noah deu um sorriso fraco. “Não saiu exatamente como planejado.” Jamie olhou para as estrelas. “Sim… mas eu aceito.”

Advertisement